Apresentação

Fichas do Herbário FLOR desde a sua criação

O Herbário FLOR foi fundado em 1964 pelo Professor Ranulpho José de Souza Sobrinho, juntamente com o Professor Roberto Miguel Klein, um dos maiores botânicos do Estado de Santa Catarina.

Exsicata FLOR

Exsicata: como se chamam as amostras do Herbário FLOR

Inicialmente foi instalado em duas salas no casarão do Horto Botânico, o prédio histórico da Universidade Federal de Santa Catarina que foi a antiga casa-sede da Fazenda Assis Brasil e abrigava então a administração do Horto Botânico. Casarão que ficou alguns anos interditado por causa de problemas estruturais e atualmente está novamente em uso parcial e em processo de restauração com esforços e grande parte de recursos próprios do atual chefe do Departamento de Botânica, Professor Rafael Trevisan e diversos mutirões de trabalho com alunos, técnicos e professores voluntários.

Desde a sua criação, o Herbário FLOR solicitava sem sucesso a destinação de funcionários exclusivos para a atuar junto à curadoria. Enquanto isso, teve ajuda dos secretários do departamento, alunos e professores para datilografar fichas, preencher as informações nos antigos livros de tombo hoje substituídos pelo banco de dados, processar as amostras, organizar a coleção e gerenciar intercâmbio e visitas. Por alguns anos chegou até a contar com o auxílio de uma funcionária copeira em desvio de função. De qualquer forma, não era possível um gerenciamento muito cuidadoso devido à grande demanda e à impossibilidade de acúmulo de tantas funções pelos professores e secretários. Muito material se perdeu ao longo dos anos por esse motivo (inclusive material proveniente de outros herbários, devido ao precário gerenciamento dos empréstimos recebidos).

     A sala da coleção, assim como em todos os demais herbários pelo Brasil, era mantida arduamente com aparelhos desumidificadores e muita naftalina, além de expurgos anuais com fosfina para conter a proliferação de pragas e a contaminação por fungos, evitando ou retardando a deterioração do material.

Herbário FLOR em 1990

     Em 1997 foi construído um novo prédio no Departamento de Botânica da UFSC contando com uma sala de 110m² destinada especialmente para a coleção seca, sala de apoio para receber os pesquisadores, sala para a curadoria e uma sala de 20m² para a coleção úmida.

     Em 2007, sob a curadoria do Prof. Daniel Falkenberg, que dedicou muitos anos ao cuidado com o Herbário, a sala da coleção seca recebeu três aparelhos de ar-condicionado, permitindo a climatização permanente do espaço para melhor conservação das amostras e maior controle de umidade e pragas. Sob sua curadoria também iniciou-se o processo de informatização dos dados das amostras em banco de dados.

     Somente em 2010, com 56 anos de existência, o herbário recebeu uma funcionária exclusiva, a bióloga Silvia Venturi. Nesse mesmo ano entraram na UFSC os professores Rafael Trevisan, Maria Alice Neves, Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos e Leonardo Rörig. Consequentemente o Curso de Pós-graduação em Botânica teve um expressivo aumento do número de alunos em pesquisas relacionadas a Sistemática de fungos, algas e plantas e a atenção com o Herbário começou a ser mais necessária.

Herbário FLOR em 2012

A Professora Maria Leonor Souza assumiu a curadoria geral devido à sua maior experiência, mas os novos professores Rafael e Maria Alice (como sub-curadores de plantas e de fungos) assumiram ativamente o gerenciamento do Herbário FLOR. Agora com uma funcionária atuando exclusivamente na coleção, foi possível dar início a uma grande organização e atualização que nunca havia sido possível antes. Retomou-se intensamente a atividade de intercâmbio (envio e recebimento de amostras a outros herbários) e recebimento de pesquisadores e turmas de visitantes, começou-se a colar as exsicatas de plantas nas cartolinas, aderiu-se à utilização de banco de dados digital para registro das informações das amostras, iniciou-se o registro de todas as amostras já incorporadas ao Herbário e a incorporação de uma grande quantidade de amostras que estavam estocadas à espera, entre outras atividades.

Entramos em dois grandes projetos nacionais envolvendo herbários: INCT – Herbário virtual da Flora e dos Fungos, e REFLORA, que nos proporcionaram a participação em cursos de curadoria e banco de dados, reuniões nacionais, maior intercâmbio técnico trazendo mais especialistas para atualizar a coleção, equipamentos, material de apoio e bolsistas para ajudar a suprir a carência de pessoal. Através desses dois projetos o Herbário FLOR catalogou e disponibilizou online 100% dos dados das amostras (no site Species Link) e levantou, localizou, montou, digitalizou e disponibilizou online as imagens dos exemplares TIPO de plantas presentes na coleção (nos sites Species Link e Herbário Virtual Reflora).

Em 2012 o professor Paulo Antunes Horta Junior incluiu o Herbário FLOR em um grande projeto do FINEP CT-Infra (Financiadora de Estudos e Projetos – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico para ampliação de infraestrutura) juntamente com a FAPEU (Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária), através do qual conseguiu comprar um ultra-freezer, indicado para descontaminação das amostras antes de entrarem na sala climatizada, e armários deslizantes para a coleção, o que foi uma grande ajuda visto que eles proporcionam um maior aproveitamento do espaço útil da sala, pois a coleção, sempre aumentando, já não estava sendo suportada pelo espaço que dispúnhamos.

Herbário FLOR em 2015

Com a organização do Herbário, a demanda de trabalho também aumentou expressivamente, contando sempre com a inestimável ajuda de alunos, bolsistas e uma ajudante paga com recursos pessoais das Professoras Maria Leonor Souza e Ana Zannin. Ao longo dos anos seguintes, novos professores da área de biodiversidade chegaram ao Departamento aumentando ainda mais a demanda por trabalho e espaço para acondicionar a coleção sempre crescente e os materiais em estudo pelos novos professores e seus orientandos.

Em 2015 o Herbário esteve sob os holofotes da imprensa pela descoberta e publicação da espécie Campylocentrum insulare C.E.Siqueira & E.M.Pessoa, pelo então mestrando Carlos Eduardo de Siqueira a menor flor de orquídea do Planeta, espécie muito difícil de encontrar no ambiente e que até agora só se conheceu um indivíduo, que está bem guardado depositado na coleção de tipos do FLOR.

Em 2016, sob curadoria geral da Professora Ana Zannin, passamos a fazer parte de uma nova fase do Projeto REFLORA, visando iniciar a obtenção das imagens das amostras da coleção para disponibilização online. Montamos uma estação fotográfica com a ajuda de bolsistas e iniciamos uma força-tarefa para a montagem das exsicatas (colar as amostras de plantas nas cartolinas) e obtenção das imagens para divulgação. Esse processo deverá levar muitos anos visto a quantidade de amostras existentes, mas as que já estão disponíveis (16% da coleção) podem ser acessadas no site do Herbário, no Species Link e no Herbário Virtual Reflora.

Também em 2016 as professoras Mayara Caddah (que veio a assumir a curadoria geral no final desse ano) e Maria Alice Neves iniciaram um projeto de extensão envolvendo o Herbário, com a intenção de levar o conhecimento sobre Botânica, Herbário e Biodiversidade para além das paredes da coleção. Através desse projeto muitos alunos se aproximaram como voluntários. Sempre existiu uma procura pelo herbário por escolas da região e mesmo de outras cidades, assim como grupos de alunos da Universidade, a fim de conhecer como funciona uma coleção científica. Através do Projeto de extensão foram elaboradas cartilhas de atividades e estabeleceu-se uma agenda de visitas guiadas à coleção, atividade de grande valor para a comunidade e para a educação, que antes era executada pela equipe da curadoria sob demanda.

A partir de 2016, o Herbário FLOR, com a curadora de Fungos Maria Alice Neves, iniciou uma cooperação com a Fundação Cristalino através do Projeto Fungos do Cristalino, que está fazendo um amplo levantamento com descobertas de novas espécies e muitas novidades para os conhecimentos do Reino Fungi, ainda bastante misterioso para a ciência e que acabou de ser reconhecido como um grupo independente da Flora e da Fauna, recebendo um termo exclusivo para designar os organismos a ele pertencentes: Funga. A cooperação envolve o recebimento de amostras coletadas, quase todas com imagens de campo, que são especialmente importantes para o reconhecimento de muitas espécies.

Em 2017 e 2018 tivemos expressiva redução do número de bolsas disponíveis para o Herbário, mas seguimos dando continuidade ao processo de inclusão, montagem, digitalização, disponibilização online, recepção de pesquisadores e intercâmbio, na medida do possível.

Exsicata comemorativa número 65000 do Herbário FLOR alcançado em 2018, assinada por todos os envolvidos com a coleção

2018 foi um ano bastante marcante para as atividades de extensão do Herbário, com reuniões periódicas e adesão voluntária de diversos alunos que movimentaram intensamente a divulgação do Herbário nas redes sociais levando um pedacinho da UFSC e do mundo científico para a população extra-acadêmica mundial, recebimento de várias turmas de alunos das escolas da região, exposição na SEPEX, atividades de campo, gincanas, criação de cartilha de atividades e cartilha de identificação de plantas do Parque do Córrego Grande e a comemoração da exsicata histórica número 65mil, que foi transformada num quadro atualmente exposto dentro da coleção.

Em 2018 recebemos o segundo funcionário da história do Herbário FLOR, o biólogo Demétrio Gomes Alves, que está em processo de treinamento das atividades de curadoria, e tem se mostrado bastante disponível e colaborativo.

Nesse ano, pela primeira vez, decidimos organizar um relatório agrupando o que conseguirmos levantar das atividades realizadas e dos frutos do trabalho no último ano, de forma que possamos apresentar e divulgar nossos números e que o valor do Herbário FLOR seja reconhecido, especialmente dentro da Universidade. Algumas informações não foram registradas ao longo do ano por não termos a intenção de elaborar o relatório. Passaremos no entanto todos os dados levantados a partir das atividades registradas.

Atualmente a coleção conta com aproximadamente 62 mil amostras, sendo 1500 de algas, 9 mil de fungos e 52 mil de plantas. Dessas 62 mil, 532 são tipos nomenclaturais, ou seja, foram analisados na descoberta de novas espécies para a ciência.